Prólogo

O helicóptero, com o grupo de militares, descia sobre a indicação das luzes de pouso próxima a potentes holofotes que iluminavam a área de pouso. No horizonte longínquo, raios clareavam nuvens carregadas e logo após se ouvia os sons abafados de trovões. O vento ficara um pouco mais forte, trazendo com ele mais umidade.
– Não sei, o clima mudou muito em pouco tempo.
– Me parece normal – o piloto mantinha o olhar atento nos equipamentos.
– Não é o que aquelas nuvens estão dizendo – insistiu o auxiliar.
– Em florestas isso é normal.
O co-piloto balançou a cabeça confirmando e se lembrando do começo da jornada e de quando ainda conseguia ver o chão. A vegetação que começou em estepe, baixa e amarelada, com arvoredos distantes entre si, foi gradualmente dando lugar a outra mais escura e fechada, com árvores altas e próximas umas das outras. Dessa maneira não eram possíveis pousos em locais que não fossem planejados, e a clareira onde desciam era o último ponto antes de adentrarem àquela grande floresta. Além disso, durante boa parte do voo, foi raro encontrar água, o que mudou com o tempo e por vezes se viu um fino veio brilhando à luz do sol.
Naquela região distante do mundo as estações do ano eram bem definidas, mas aquele inverno estava mais nebuloso e frio, com dias curtos e de pouco sol, e noites longas de céu encoberto.
– É, as coisas mudaram – concluiu o co-piloto.
A aterrissagem era concluída próxima de outras aeronaves já estacionadas. Ali a poeira subiu forte, limpando o chão. Ao redor pessoas se movimentavam de forma ágil e desprendida realizando os últimos acertos daquela que era vista como a manobra final.
O helicóptero CH-53 tocou o chão e o grupo de quase 50 soldados desembarcou rápido. Liderando-os o capitão Marduk. Assim que desceu, o grupo foi abordado por dois oficiais:
– Bem-vindos – e prestaram continência – acompanhem-nos, por favor.

E os levaram até uma das várias tendas onde tiveram as últimas instruções. Durante a rápida palestra o capitão passou informações necessárias e num quadro branco refez algumas movimentações táticas com o grupo. Tudo muito similar às outras vezes, diferindo apenas no caráter extra-sigiloso e ilegal da missão.
Terminadas as instruções o grupo foi transferido para uma tenda maior, onde com técnicas de respiração, relaxamento e movimento tentaram retomar parte do vigor físico. Terminado mais esse processo foram para a tenda do refeitório, onde energéticos e estimulantes foram dosados na alimentação de forma a deixá-los mais despertos, afinal da América do Norte até o extremo leste do Cazaquistão foram quase 15 horas de vôo, não sendo tarefa fácil mesmo para experientes soldados.
Após a alimentação os soldados realizaram a vistoria, limpeza e municiamento dos armamentos. A ordem era levar toda a munição possível.
Os helicópteros menores, Iroquois Bell UH-1, estavam preparados apenas aguardando as ordens. Urano, nome do helicóptero CH-53, também estava pronto para a missão, levaria parte da tropa e equipamento de suporte como armas, munições e combustível. No geral todas as aeronaves foram descaracterizadas, perdendo as referências de qual exército serviam.
A ansiedade fez Marduk perder o apetite, largando a comida após poucas colheradas, por isso pegou duas ou três rações a mais para compensar.
Saindo da tenda, encarou a longa floresta e o terreno oscilante que estava à sua frente. Pouco podia ver, mas teve a impressão de que a mata era imponente.
– Ela é estranha.
– O que?
– Essa é uma floresta diferente das outras – o homem parou ao lado do capitão e se identificou – segundo-tentente Medrado, sou um dos pilotos.
– Capitão Marduk.
Também se identificou, se cumprimentaram e continuaram o diálogo.
– Há relatos de alguns nativos dando conta de fatos estranhos sobre esse emaranhado de árvores.
Aquilo atiçou a curiosidade de Marduk.
– Como o quê?
– A dificuldade que se tem em andar ou permanecer nela.
– Ora! Toda mata tem o seu grau de dificuldade.
– Não como essa. Os poucos que entraram nos contaram que antes de se fazer 2km de caminhada, o ar se torna abafado, e se ouve pouca ou quase nenhuma movimentação entre as folhagens. Durante o dia há uma escuridão nativa, pois as copas das árvores bloqueiam em muito a claridade do sol, sem contar os desaparecimentos.
– Como? Desaparecimentos? Que história é essa?
Bem, nativos da região contam que conseguiram entrar mais de 4 km nessa mata – Medrado fez uma breve pausa – elas aparecem do lado oposto, a quase 2.000 km daqui.
– Como é que é? Explique melhor.
– Isso mesmo o que ouviu. Algumas pessoas tentaram vencer a resistência da floresta, porém os efeitos aumentaram: mais fome e sede, ar rarefeito gerando mais tonturas e desgaste, geralmente chegando ao desmaio. Quando voltavam a si acordavam no extremo oposto da floresta.
– Mas isso é na...
– Sim! Território da Mongólia.
O capitão ouviu atentamente as palavras do rapaz e ponderou consigo:
“Se isso for verdade, como ele, ou eles, podem permanecer aí no meio? Pense Marduk, pense. Nossas informações poderiam estar erradas, ou então, algo ou alguém lhes dá guarita, ou...”.
– Tudo balela – seus pensamentos foram invadidos pela voz do coronel Karter – puro misticismo ou crendice popular que, somadas ao fácil impressionismo de meu colega aqui, encontram um terreno fértil para proliferar.
– Não é bem o que ouvi dos nativos.
– Nativos querem vender histórias, nada mais. Além disso, tais informações seriam desqualificadas se chegassem à Inteligência Militar, ou acha mesmo que gastariam recursos enviando tropas e equipamentos para averiguar o folclore local? – o coronel olhou o relógio – e nosso tempo se esgotou. Vamos!
Uma brisa fria chicoteou os três que vislumbraram os céus. Parecia prenunciar que dali em diante as coisas ficariam difíceis. Contudo, Marduk ainda analisava mentalmente as informações:
“Karter pode falar isso por puro ceticismo, ou por saber demais. Senão os nossos transportes não seriam lentos helicópteros e sim saltaríamos de velozes aviões. Ou talvez nem estivéssemos aqui. Se o que Medrado fala for verdade precisariam de alguém que tivesse real motivação para vencer ou pouco se importar com esses obstáculos. Pois se fosse mentira, qualquer grupo teria sido convocado e já teriam resolvido isso.”.
O capitão olhou seus companheiros:
– Vamos! Não temos tempo a perder – ele tinha a real motivação.
Saiu a passos largos para as tendas, convocando o pessoal. Na mente guardava uma anotação:
“Há algo errado aqui”
O grupo já estava posicionado próximo das aeronaves, aguardando as ordens. Olhavam ao redor com certo receio e em um ou outro já residia certo desânimo. Marduk precisaria de cada um daqueles homens para cumprir sua missão, pois não havia substitutos.
– Senhores! Estamos muito próximos de nosso objetivo. Diante de nós, um último obstáculo: uma floresta quase intransponível e é aí que o nosso alvo se encontra. Sabemos que é difícil, mas não impossível, e essa é a nossa missão – alguns dos rapazes já o olhavam de forma diferente – nos foi dada, não por não existirem outros, não por não terem esperanças, mas porque temos uma motivação diferente. Uma chama que nos faz melhores no que realizamos: mais frios, mais sanguinários... quase bárbaros.
Os soldados confirmaram ter o mesmo pensamento, e ele continuou:
– Vejo no fundo de seus olhos, o clamor e o desejo de se sentirem vivos novamente, em um ambiente hostil, nocivo, letal. E assim como eu, só em um lugar encontraremos isso – eles o olhavam com esperança e vigor enquanto concluía – na guerra. Não a esperemos!
Urros e euforia, passos acelerados e apertos de mãos foram vistos e ouvidos enquanto todos seguiram para os helicópteros.
Do grupo do coronel Karter, havia apenas os pilotos e copilotos para cada uma das nove aeronaves, sendo assim Marduk postou mais 2 soldados para operarem as metralhadoras M-60, uma em cada porta, pois os canhões giratórios GAU-17ª eram automáticas controladas pelos pilotos, já os mísseis e bombas, incendiárias e de fragmentação, seriam controlados pelos copilotos.
Pouco antes de entrar no helicóptero o capitão novamente foi abordado por Karter, que lhe entregou um equipamento que devia pesar pouco mais de um quilo:
– O comando pediu para entregar-lhe isto.
– O que é?
– Ouve alguma coisa de diferente capitão?
– Nada.
Karter apertou um botão vermelho no equipamento e o entregou a Marduk.
– Lentamente vire-se 180° capitão.
À medida que o fazia, o aparelho emitia bipes fracos que se tornaram fortes quando se aproximou de determinada direção.
– Esse é o nosso caminho, lá está nosso objetivo.
Os olhos de Marduk brilharam e não conseguia desviar a visão do aparelho.
– Muito grato coronel.
– Sem agradecimentos, o comando se preocupou em perdermos contato via rádio e como você já possui suas ordens, nada melhor que ter sua própria direção.
– Faz todo o sentido.
– Então vamos – chamou Karter
O capitão observou seus últimos soldados embarcando, mas no momento final não quis entrar no helicóptero de suporte Urano.
– Soslay, siga com Urano.
– Sim senhor!
Marduk seguiu com o segundo-tentente à bordo de Holyday um dos Iroquois UH-1. Este helicóptero tinha desenhos estilizados em suas laterais mostrando uma bela garota de maiô.
– Não iria em outra aeronave? – questionou o piloto.
– Ainda tenho algumas dúvidas.
– Ok.
Aos comandos de Medrado, os motores imprimiram força e as hélices giraram com mais vontade levantando poeira e tirando o grande peso do chão. E assim as 9 aeronaves decolaram e voavam em fila, seguindo na direção contrária ao sol poente. A escuridão os engoliu e a densa floresta era a única a lhes ouvir rumando para o desconhecido.
Para Marduk aquele era um momento impar e nada no mundo lhe traria mais satisfação. Porém no fundo sentia que algo lhe faltava, então lembrou-se de Lays, e por alguns segundos pode até sentir sua fragrância. Não à toa apertou com mais vontade sua arma, uma M16 que lhe fazia companhia há vários anos, única arma legalizada dentro da missão. O soldado prendera um laço marrom na parte superior da coronha, pois esse adereço um dia estivera preso nos cabelos de sua amada. Isso foi há tempos atrás, em alguma confraternização de final de ano, quando a havia conhecido e se apaixonado. Naquele dia viu quando a fita tinha caído despercebida, ficando esquecida. Marduk a recolheu e com ternura a guardou, e desde aquele dia o adereço o mantinha mais próximo de sua amada.
– Bons momentos – suspirou.
Mas alguma coisa em seu peito o alertava, e sentia que suas escolhas moldariam de forma rápida e definitiva o seu destino a partir dali. Olhou para o localizador e novamente sentiu a emoção do momento. Estava tão unido ao equipamento que sentia que seu coração e o sinal sonoro, batiam e bipavam juntos.
– Brinquedo novo capitão? – Medrado fez graça, quebrando aquele momento lúdico.
– Sim. Presente.
– Entendido.
– Medrado, continuando aquela conversa: há quanto tempo tem ocorrido os desaparecimentos?
– São eventos recentes. Me relataram que os primeiros incidentes aconteceram entre 2 e 3 anos. Por quê?
Havia certa sincronia com os períodos.
– Nada de muito importante.
O Holyday ia na dianteira e os demais o seguindo, mantendo Urano para trás.
– E quanto tempo para atravessar toda floresta?
– Pouco mais de 5 horas, capitão.
Em seus pensamentos Marduk calculava que se o que procurava estivesse bem no meio da floresta, em 2 horas e 30 minutos teriam algum contato. Quase tudo sobre controle, mas outra pergunta não tinha resposta:
“Onde estará aquela vadia que sempre o acompanha?”.
Mas isso pouco importava.
“Que tivesse morrido da pior maneira possível” – queria.
Se estivessem juntos só servia para atrapalhá-lo mais. Marduk queria a vingança só para si, e nem ela e nem ninguém o privariam disso.
Se tivesse a oportunidade o faria apenas com a faca e as mãos, onde depois de algumas estocadas o líquido rubro e quente escorreria por entre os dedos. Haveria mais prazer nessa forma simples. Porém para Marduk essa possibilidade era remota, já que seguia nesta missão com vasta companhia.
“Sempre há outra alternativa” – solucionava para si.
Então com um sorriso discreto o capitão tirou uma segunda pistola de sua cintura. Essa era das não registradas e imaginava o uso que a mesma teria. Em seu rosto brilhava tamanha satisfação com esses pensamentos que se estivesse só poderia até cantar.
Num momento de sua tenebrosa reflexão tentou se explicar como as coisas haviam chegado àquele ponto. Em como um sentimento que um dia fora amistoso e fraterno hoje era tão frio e mortal.
Marduk tentou se transformar em seu melhor amigo, porém após um período se distanciaram. Por conta da honesta amizade, havia perdido oportunidades e vantagens, e por isso o culpava. E o pior: por muito pouco não tinha perdido a garota que amava. Ficou claro à época que Marduk amava Lays, e essa amava o amigo de Marduk. A moça resignou-se naquela rejeição esquecendo o que aconteceu, mas o capitão não teve a mesma postura, e ele não perdoaria o mar de sofrimento a que foi submetida a sua amada. Temendo que Lays abrandasse seu coração, Marduk não lhe contou que seu “amigo” ainda vivia.
“Ainda” – pensou enquanto conferia o pente de balas – “paz, só com a morte dele” – sentenciou.
Adiante nuvens, raios e trovões, só que agora bem mais próximos. Parecia que uma tempestade vinha em sua direção. Os ventos não estavam fortes, então não atrapalhariam o voo, mas começou a chover, o que poderia aumentar o grau de dificuldade de toda a operação.
Pelo rádio as aeronaves mantinham contato mínimo e após 2 horas de voo o Marduk deu a primeira ordem:
– Preparar!
Em cada iroquois, os soldados se posicionaram, prendendo os cintos aos suportes das armas, e engatilhando as que tinham no corpo. Todos estavam atentos, quando veio então a segunda ordem dessa vez de Karter:
– Silêncio!
Com essa os pilotos acionaram o sistema de voo silencioso, uma tecnologia que estava em fase de testes e prometia diminuir os ruídos emitidos em até 90%. Dito e feito. Além disso, a partir daquele momento não se ouviu mais conversas. Acenderam as “luzes de horizonte” para se tornarem visíveis apenas para o grupo.
Os helicópteros ganharam altitude e entraram em formação de ataque: no meio Holyday; à direita: Savana, Thunder, Fireball e Barril; à esquerda seguiam: Falcão, Baby, Biri e Babilônia. Mantinham uma distância segura de um para o outro, e Urano vinha 2 km atrás.
Em boa parte do trajeto o terreno foi plano, mas mudou, dando lugar a grandes vales e desfiladeiros, morros e montanhas. As mudanças dificultavam o vôo e obrigavam os pilotos a constantemente corrigirem a altitude e rota.
Num último ponto mais ascendente se encontrava um largo, profundo e caudaloso rio que descia no sentido nordeste-sudoeste. Rente ao rio havia um imponente morro, que se isolava nas margens leste por centenas de quilômetros. Adiante, mas muito ao fundo, havia outras cadeias montanhosas que se estendiam ao horizonte. Eles veriam tudo isso caso o voo fosse diurno, mas a maioria das informações vinha pelos equipamentos.
Foi naquele instante que uma luz vermelha acendeu no painel de Holyday.
– Holyday! – chamou o piloto do Babilônia.
Medrado olhou para o equipamento de visão noturna e chamou Marduk:
– Veja!
O capitão olhou uma tela no painel do helicóptero.
– há movimentação intensa entre as árvores – completou o piloto.
Realmente o que se via eram centenas de pontos brancos que se moviam sobre o mapa esverdeado. Mas o que os militares viam no equipamento, lá embaixo se mostrava como um grande grupo de pessoas que avançava num sentido. Vinham do noroeste para o sudeste, tentando chegar ao morro, contudo na tentativa de atravessar o rio, muitos sucumbiam às águas.
Precisavam de mais informações então Medrado ordenou:
– Barril, dê a volta e informe.
O helicóptero se distanciou fazendo uma grande curva capturou os dados e repassou:
– À frente dois grandes grupos: o primeiro marcha no sentido nordeste-sudoeste, mas na margem leste do rio. O segundo vem sentido leste-oeste. Câmbio! – disse enquanto retornava.
– Quantos?
– Parece haver milhares senhor – e Barril encerrou a transmissão.
– Mas o que está acontecendo aqu...
Antes que Marduk pudesse exclamar sobre o que acontecia, foi surpreendido por clarões causados por explosões seqüenciais. A detonação fez subir um grande paredão de fogo e abriu no chão uma vasta trincheira do lado nordeste do morro.
– Capitão, o que está acontecendo? Vimos uma explosão daqui – era Karter, também desconhecendo a situação.
– Ainda não sabemos.
– A julgar pela posição que tudo aconteceu alguém está tentando impedir que o grupo se aproxime do morro – conjecturou Medrado.
– Precisamos de mais informações – disse Marduk.
Pelo rádio o piloto deu o comando e os helicópteros, em formação “V”, mudaram o posicionamento e avançaram para observar exatamente o que acontecia e então os primeiros disparos de revide foram ouvidos. Eram muitos e o som indicava armas de calibres variados atirando no sentido sudoeste.
Viram também que a trincheira recém-aberta pelas explosões servia como um divisor, dificultado e muitas vezes contendo o avanço dos intrusos. Ao mesmo tempo era possível ver cruzando por cima da cratera, as munições quentes, que sem a luz do dia pareciam pequenos riscos com uma coloração brilhante e alaranjada.
No meio de toda essa confusão, Markuk ouviu disparos cadenciados, isso devido à intimidade que tinha com o armamento. Quem atirava parecia poupar munição.
– Uma M16... – sussurrou pra si.
Sua percepção o compeliu imediatamente a observar o localizador e só então percebeu que o bipe estava constante. Finalmente encontrara o seu objetivo.
Olhou para a tela do radar no helicóptero e viu que do lado leste a concentração era menor e os pontos, vez ou outra, simplesmente sumiam da tela, sem nenhuma explicação. Notou que havia uma leve interferência no funcionamento do rádio.
“Droga! O que está acontecendo?” – pensava.
Mais fogo e mais explosões, e assim foi revelado que num contraforte do morro, havia uma clareira com uma pequena estrutura e a julgar pelo posicionamento dos envolvidos, aquele era o objeto de interesse.
Entre as árvores, a multidão se movia mais lenta, concentrada, cercando o local e procurando uma passagem. Provavelmente quem atirava, agora estava se preocupando em abater o maior número possível, já que estes não recuavam.
Explosões menores eram ouvidas, provavelmente granadas ou morteiros. A parte nordeste da floresta continha focos de incêndio, mas aos poucos se extinguiam com a chuva serena que caia.
O tempo era curto, e as decisões deveriam ser rápidas. Medrado manobrou Holyday de forma que os mísseis fossem direto ao chão, abriu a proteção de gatilho e descansou o dedo sobre o botão. Todos os demais pilotos fizeram o mesmo.
– Senhor, estamos com o alvo na mira. Quais são as ordens?
Um momento de apreensão tomou conta do capitão que hesitou.
– Capitão, vamos entrar?...
Os olhos de Marduk brilhavam com a incandescência do fogo que se apagava lá embaixo. Olhou fixo para o piloto e seu semblante descansou: 
– Não!